Influência de seus esforços empreendidos pela Velho do Oriente: Japão e português compartilham similaridades linguísticas por causa disso.
A evolução das línguas é inevitável, elas se adaptam às necessidades e realidades dos indivíduos que as utilizam, refletindo a diversidade e riqueza cultural de cada país. Na culinária portuguesa, por exemplo, é possível encontrar influências de seus diversos povos ao longo da história, resultando em pratos únicos e saborosos.
Além disso, o ensino do idioma Português como língua estrangeira tem se expandido nos últimos anos, demonstrando o interesse crescente de pessoas em todo o mundo em aprender esta bela e expressiva forma de comunicação.
Influência de seus esforços empreendidos pela Companhia de Jesus
Quase cinco séculos atrás, os japoneses incorporaram ao seu vocabulário termos específicos, muitos utilizados até hoje. Por exemplo, pan para designar pão, biroodo para veludo, tabako para tabaco e karuta para carta de baralho. Mas 11 mil quilômetros separam Lisboa de Tóquio e, aparentemente, não há nada em comum entre essas duas culturas, uma forjada na Europa medieval, outra carregada do tradicionalismo oriental nipônico. A explicação está na religião. Mais especificamente, nos esforços empreendidos pela Companhia de Jesus — mesma ordem religiosa que, por meio de José de Anchieta (1534-1597) e tantos outros, encarregou-se de catequizar indígenas brasileiros durante a colonização, e mesma ordem religiosa do argentino Jorge Bergoglio, o Papa Francisco.
Esta história pode ser resumida no fato de que os portugueses foram pioneiros no contato frequente entre europeus e nipônicos. Mas suas nuances culturais e religiosas estão no cerne de uma fascinante troca linguística. E está em evidência por causa da série Xógum: A Gloriosa Saga do Japão, que estreou em fevereiro e é baseada no Romance escrito pelo britânico James Clavell (1924-1994) e publicado originalmente em 1975. Gonçalves é ex-reitor da Pontifícia Universidade Gregoriana, em Roma, e diretor da revista La Civiltà Cattolica.
Conforme conta à reportagem a professora de japonês Monica Okamoto, da Universidade Federal do Paraná (UFPR), isso ocorreu precisamente em Tanegashima, uma pequena ilha ao sul do Japão. ‘Foi o primeiro encontro do povo japonês com o ocidente’, relata. ‘Na época, o Japão estava sob o domínio do xogunato, um sistema de governo militar, e os xoguns ficaram impressionados com algumas tecnologias apresentadas pelos portugueses, sobretudo a arma de fogo do tipo mosquete.’
‘Assim, num primeiro momento, os xoguns permitiram a entrada dos portugueses com a intenção de conhecer outras inovações ocidentais nos campos militar e naval’, acrescenta Okamoto. ‘Os portugueses, por outro lado, iniciaram suas missões de catequização, introduzindo o catolicismo no Japão por meio da instalação de escolas, santas casas e igrejas. Desse intenso e curto período de relações internacionais entre Japão e Portugal [até por volta de 1630], muitas palavras portuguesas acabaram sendo incorporadas ao vocabulário japonês.’
Velho do Oriente
‘O primeiro jesuíta a chegar ao Japão foi [o missionário] São Francisco Xavier [(1506-1552)], em 1549. Era navarro [na atual Espanha] e fez parte do grupo que, com Santo Inácio de Loyola [(1491-1556)], fundou a Companhia de Jesus’, contextualiza Gonçalves. Teria sido o próprio Loyola quem havia decidido enviar Xavier para o oriente, ‘a pedido do rei de Portugal, dom João 3º [(1502-1557)], que pretendia desenvolver a atividade missionária nos territórios alcançados pelos navegadores portugueses’, conta o padre. Uma curiosidade é que no mesmo ano em que Xavier desembarcou no Japão, chegou à colônia portuguesa que daria origem ao Brasil o primeiro grupo de jesuítas, cujo superior
Fonte: © G1 – Globo Mundo
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