O presidente da Rússia alertou que o uso de mísseis de longo alcance pela OTAN alteraria a natureza do conflito, aumentando tensões Leste-Oeste e ameaçando a segurança internacional com armas nucleares.
A Rússia pode estar se preparando para uma resposta drástica caso o Ocidente permita que a Ucrânia utilize mísseis de longo alcance para atacar seu território. Vladimir Putin tem várias opções em mente, e especialistas consultados pela Reuters acreditam que um teste nuclear pode ser uma delas.
Essa possibilidade é vista como uma medida extrema, mas não é descartada, especialmente considerando a história da Rússia em relação a testes nucleares. A União Soviética, predecessor da Rússia, realizou vários testes nucleares no passado, e o Kremlin tem demonstrado disposição para usar sua força militar para defender seus interesses. Moscou tem sido um centro de poder e decisões importantes para a Rússia, e é provável que qualquer ação nuclear seja coordenada a partir daí. A Rússia não hesitará em usar sua força para proteger seu território.
A Rússia e a Ameaça Nuclear
Ulrich Kuehn, especialista em armas do Instituto de Pesquisa para a Paz e Política de Segurança em Hamburgo, expressou sua preocupação sobre a possibilidade de a Rússia recorrer a medidas nucleares em resposta ao apoio da OTAN à Ucrânia. ‘Isso seria uma escalada dramática do conflito’, disse ele em entrevista. ‘O ponto é, quais tipos de medidas o Sr. Putin teria então para tomar se o Ocidente continuar, além do uso nuclear efetivo?’
Gerhard Mangott, especialista em segurança da Universidade de Innsbruck na Áustria, também considera possível que a resposta da Rússia inclua algum tipo de sinal nuclear. ‘Os russos poderiam realizar um teste nuclear. Eles já fizeram todos os preparativos necessários. Poderiam detonar uma arma nuclear tática em algum lugar no leste do país apenas para demonstrar que eles realmente pretendem usar armas nucleares se for necessário.’
A Crise dos Mísseis e as Tensões Leste-Oeste
À medida que as tensões Leste-Oeste em relação à Ucrânia entram em uma nova e perigosa fase, o primeiro ministro britânico Keir Starmer e o presidente dos EUA Joe Biden se reuniram em Washington para discutir se permitirão que Kiev use mísseis ATACMS dos EUA ou Storm Shadow britânicos contra alvos na Rússia. A ameaça de Putin caso a Ucrânia passe a usar mísseis de longo alcance contra a Rússia é clara: o Ocidente estaria lutando diretamente contra a Rússia, o que alteraria a natureza do conflito.
Em junho, Putin mencionou a opção de armar os inimigos do Ocidente com armas russas para atacar alvos ocidentais no exterior, e de implantar mísseis convencionais a uma distância de ataque dos Estados Unidos e seus aliados europeus. A Rússia não realiza um teste de armas nucleares desde 1990, ano anterior à queda da União Soviética, e uma explosão nuclear sinalizaria o início de uma era mais perigosa, disse Kuehn.
A Rússia e a Segurança Internacional
A Rússia, sob a liderança de Putin, tem rompido uma série de acordos internacionais de segurança aos quais se comprometeu ao longo das últimas décadas. O teste nuclear seria algo novo e consistente com essa tendência. ‘Eu não descartaria isso’, disse Kuehn. ‘E seria consistente com a Rússia rompendo uma série de acordos internacionais de segurança aos quais se comprometeu ao longo das últimas décadas.’
A situação é ainda mais preocupante considerando a localização estratégica da Rússia, com Moscou como seu centro político e militar. O Kremlin, o símbolo do poder russo, é o local onde as decisões mais importantes são tomadas. A Rússia tem uma longa história de conflitos e tensões com o Ocidente, e a atual crise dos mísseis é apenas mais um capítulo nessa história.
Fonte: © G1 – Globo Mundo
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