Cuidados orais impactam positivamente sistemas de saúde, pois estão associados a diversas doenças crônicas. Fatores de risco compartilhados exigem abordagem abrangente.
As cáries dentárias são um dos problemas mais comuns entre as pessoas de todas as idades. A falta de cuidados com a higiene bucal e a ingestão frequente de alimentos ricos em açúcar são fatores que contribuem para o surgimento dessas lesões nos dentes. Além da dor e do desconforto, as cáries dentárias também podem levar a complicações mais sérias, como infecções e até mesmo a perda dos dentes.
É essencial manter uma rotina de escovação adequada e visitar regularmente o dentista para prevenir problemas dentários como a cárie. Os problemas bucais podem afetar não apenas a estética, mas também a saúde dos dentes e até mesmo a saúde geral do organismo. Por isso, é importante conscientizar a população sobre a importância de cuidar da saúde bucal de forma adequada.
Cáries dentárias e seu impacto na produtividade
O levantamento aponta que as perdas de produtividade dos pacientes devido a problemas dentários, cárie, periodontite severa e perda dentária somam um valor estimado de 188 bilhões de dólares anualmente. No caso do Brasil, esse valor chega a ultrapassar 36 bilhões de dólares – ou, aproximadamente, 180 bilhões de reais – somente com tratamento de cárie dentária.
Além disso, os pesquisadores se propuseram a analisar as desigualdades socioeconômicas na saúde bucal. Segundo eles, a baixa escolaridade está associada a um aumento de 86% e 44% no risco de prevalência de periodontite e problemas bucais, respectivamente. A baixa renda, por sua vez, estaria relacionada a um aumento de 29% no risco de prevalência de problemas dentários.
Saúde dos dentes e desigualdades socioeconômicas
Dentistas se concentram em países de alta renda De acordo com estimativas da Organização Mundial da Saúde (OMS), há cerca de 4 milhões de prestadores de cuidados de saúde oral globalmente, dos quais aproximadamente 2,5 milhões são dentistas. Cerca de 80% desses trabalham em países de alta renda ou de renda média alta, enquanto apenas 1,4% trabalham em países de baixa renda.
Continua após a publicidade O levantamento afirma que higienistas dentais e educadores de saúde bucal são essenciais para expandir o acesso aos cuidados preventivos. Além disso, o envolvimento de farmacêuticos e enfermeiros no cuidado e contato com os pacientes é crucial para a promoção da saúde oral e prevenção de doenças.
Prevenção de doenças bucais e políticas públicas
Assim, os pesquisadores concluem que projetar sistemas de saúde que ofereçam cuidados bucais abrangentes por meio da multidisciplinaridade é a chave para implementar com sucesso cuidados preventivos. Adicionalmente, a integração de prontuários médicos e dentários eletrônicos melhoraria os cuidados bucais em sistemas de saúde.
De acordo com a Federação Europeia de Periodontologia, as doenças bucais afetam quase metade da população mundial, superando o impacto da maioria das Doenças Crônicas Não Transmissíveis (DNTs) comuns. Mesmo que compartilhem associações de fatores de risco comuns com outras DCNTs, elas foram isoladas do restante do sistema de saúde em modelos de prestação e financiamento, segundo o levantamento.
Propostas para reduzir os problemas dentários
Fatores de risco para doenças bucais, como uma dieta rica em açúcares, uso de tabaco e consumo de álcool, também aumentam o risco de outras condições, como diabetes, doenças cardíacas, câncer e AVC. Dessa forma, de acordo com o estudo, uma abordagem abrangente dos sistemas de saúde direcionada aos fatores de risco compartilhados comuns a várias DCNTs teria um impacto positivo na redução ou prevenção de uma série dessas doenças.
Os pesquisadores constatam que há uma necessidade urgente de melhorar o alinhamento entre política, saúde pública, sistemas de pagamento e prática clínica para aprimorar e expandir a saúde bucal. Engajar a população aumentando a conscientização acerca dos cuidados bucais, abordar fatores de risco compartilhados com outras DCNTs para melhorar a saúde geral, expandir e diversificar a força de trabalho em saúde bucal, incentivar cuidados preventivos, construir parcerias público-privadas para promover a prevenção em nível populacional e melhorar os métodos epidemiológicos para medir cáries e doenças periodontais precoces são propostas para reverter esse cenário.
Fonte: @ Veja Abril
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