CVM dos EUA analisa prospectos de BlackRock, Fidelity e Ark Invest com exposição direta ao Ethereum, mas aprovação no prazo é incerta.
Parece que a introdução dos ETFs (fundos de índice negociados em bolsa) com exposição direta a Ethereum nos Estados Unidos está seguindo um processo bastante desafiador, semelhante ao dos ETFs de Bitcoin aprovados no início do ano. O caminho até a aprovação tem se mostrado longo, com idas e vindas que acabaram envolvendo instâncias judiciais em uma jornada que durou uma década desde a solicitação inicial.
Os investidores estão ansiosos para ver como os ETFs de Ethereum (ETH) serão recebidos pelo mercado financeiro internacional, trazendo ainda mais diversificação e opções de investimento para aqueles interessados em criptomoedas. A expectativa é que a introdução dos ETFs de ETH traga uma nova dinâmica ao mercado, proporcionando oportunidades únicas para os investidores interessados em explorar os potenciais da tecnologia blockchain.
Companhias de Gestão de Ativos na Corrida pelos ETFs de Ethereum
Sete renomadas gestoras de ativos dos Estados Unidos já deram entrada para negociar seus ETFs de bitcoin e agora estão em processo de autorização para oferecer a mesma modalidade de investimento no token nativo da Ethereum, a maior rede blockchain do mundo. As solicitações de análises de prospectos estão sob avaliação da Securities and Exchange Commission (SEC), o equivalente à CVM do país. Entre as empresas envolvidas nesse movimento estão BlackRock, Fidelity, VanEck, Ark Invest, Invesco, Grayscale e Bitwise, sendo estas duas últimas conhecidas como instituições financeiras ‘criptonativas’.
A exposição direta ao Ethereum através de ETFs tem despertado uma crescente empolgação no mercado, refletindo o interesse e confiança dos investidores nessa criptomoeda. A valorização do Ethereum ultrapassa os 50% desde o início do ano, chegando a um novo recorde de preço em meados de março, superando os US$ 4 mil. O entusiasmo é comparável ao observado com os ETFs de bitcoin.
No entanto, apesar da euforia geral, há um certo pessimismo entre os gestores em relação à aprovação desses ETFs de Ethereum. Durante a Paris Blockchain Week, Jan VanEck expressou sua descrença em uma decisão favorável da SEC no prazo previsto, que é em maio. Jean-Marie Mognetti, presidente da CoinShares, compartilha dessa opinião e não espera uma aprovação a curto prazo.
As expectativas de mercado quanto à aprovação dos ETFs de Ethereum vêm diminuindo, conforme apontado por Eric Balchunas, especialista em ETFs da Bloomberg. De janeiro a março, a probabilidade de aprovação pela SEC até maio caiu de 60% para 35%.
A hesitação da SEC em aprovar os ETFs de Ethereum está ligada a questões sobre a natureza do ativo subjacente. Enquanto o bitcoin foi categorizado como uma commodity, o Ethereum ainda não possui uma classificação definitiva. Esse fator demonstra a dicotomia nos entendimentos dos reguladores americanos em relação às altcoins, que muitas vezes são consideradas valores mobiliários não registrados.
Uma das principais razões para a indecisão da SEC em relação ao Ethereum é a mudança ocorrida em setembro de 2022 na mineração da criptomoeda, conhecida como ‘The Merge’. Esse processo migrou o algoritmo de mineração do Ethereum de prova de trabalho (PoW) para prova de participação (PoS), exigindo que os mineradores deixem uma quantia de Ethereum ‘travada’ na rede para receber suas recompensas.
A discussão sobre a classificação do Ethereum como valor mobiliário ou commodity é um ponto de atrito entre os reguladores. Enquanto a SEC tem observado os rendimentos provenientes do staking como um indício de valor mobiliário, o CFTC afirmou que o Ethereum é uma commodity digital, assim como o bitcoin.
Theodoro Fleury, gestor da QR Asset, destaca a complexidade do processo de aprovação do ETF de Ethereum, ressaltando que a cisão de opiniões na SEC pode dificultar o processo. Em contraste com o caso do ETF de bitcoin, no qual houve um impasse resolvido pelo voto de Gary Gensler a favor, a aprovação do ETF de Ethereum pode enfrentar obstáculos similares.
Fonte: @ Valor Invest Globo
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