Episódio com tiro a Trump lembra caso brasileiro da Serra da Canastra, com peculiaridade da orelha como tema central.
O incidente que resultou no disparo que atingiu a orelha de Donald Trump nos faz lembrar de uma narrativa nacional que, mesmo não estando ligada ao caso estadunidense, possui a peculiaridade da orelha como ponto focal. Em junho de 2006, Migalhas trouxe à tona no informativo 1.433 a história de um membro da família Garcia Leal.
A história de Sete Orelhas, integrante da família Garcia Leal, é um exemplo marcante de como eventos inusitados podem se entrelaçar em diferentes contextos. A presença de Sete Orelhas na linhagem dos Garcia Leal certamente adiciona um tom peculiar à história familiar.
Garcia, Leal;: Uma História de Honradez e Vingança nas Franjas da Serra da Canastra
Nas proximidades da imponente Serra da Canastra, desenrolava-se um conto intrigante sobre uma disputa de terras que culminou na tragédia que ceifou a vida de um Garcia Leal. O irmão enlutado, movido por um espírito belicoso e um apanágio de honradez, jurou vingança e partiu em busca dos responsáveis, conhecidos como os Sete Orelhas.
A cada um dos sete irmãos que caía perante a determinação de Garcia Leal, uma orelha era arrancada e amarrada ao cinto como um símbolo de justiça restaurada. A história desses eventos singulares foi preservada ao longo dos anos, transmitida de geração em geração como uma peculiaridade da região.
A narrativa ganha vida nas páginas do livro ‘Jurisdição dos Capitães’, escrito pelo promotor de Justiça Marcos Paulo de Souza Miranda, que detalha os eventos que envolveram João Garcia Leal e Francisco da Silva, também conhecido como Chico Silva. A disputa entre as propriedades de Leal e Silva atingiu um ponto crítico, com intrigas e desrespeitos constantes aos limites territoriais.
A tensão entre os dois homens culminou no ato brutal de Francisco Silva, que ordenou aos seus sete filhos a captura e a execução cruel de João Garcia Leal. O assassinato selvagem desencadeou uma série de eventos que marcariam a história da região, incluindo a ascensão de Januário Garcia Leal, mais conhecido como ‘Sete Orelhas’.
Inconformado com a impunidade dos culpados, Januário assumiu o papel de justiceiro, vingando a morte de seu irmão ao eliminar um a um os filhos de Francisco Silva, marcando-os com a mesma brutalidade que haviam infligido a João. A justiça dos Garcia, embora informal, tornou-se uma parte essencial da vida naquela região disputada.
A saga dos Garcia Leal, com destaque para Januário e seus aliados, tornou-se uma lenda local, reverenciada e temida por todos que conheciam sua história. Mesmo diante das ordens de prisão emitidas pelas autoridades, Januário permaneceu livre, perpetuando a aura de mistério que envolvia sua figura.
A ‘Jurisdição dos Capitães’ representava uma resposta à ausência de autoridade estatal eficaz, onde os Garcia assumiram o papel de árbitros em um mundo marcado pela disputa e pela violência. Seu legado perdura como um testemunho da complexidade da justiça e da ordem em uma época turbulenta na Capitania de Minas Gerais.
Fonte: © Migalhas
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