Estudantes negros, pardos, indígenas e com deficiência têm mais irregularidades na trajetória educacional, revelando disparidades sociais e falta de equidade.
De acordo com um estudo recente, mais da metade dos estudantes brasileiros não completam a educação básica dentro do prazo adequado, ou seja, antes de atingirem os 18 anos. Apenas 41% dos alunos conseguem concluir o ensino médio sem passarem por problemas como reprovação, abandono ou evasão, o que evidencia a necessidade de melhorias no sistema educacional do país.
Investir na qualidade do ensino é fundamental para garantir que os jovens concluam a educação básica no prazo correto. É preciso implementar políticas públicas eficientes que promovam a permanência dos alunos na escola e garantam um ensino de qualidade, visando a formação integral dos estudantes para o mercado de trabalho e para a vida em sociedade.
Trajetória educacional de estudantes brasileiros
Além disso, cerca de 52% conseguem concluir o ensino fundamental de acordo com o levantamento divulgado nesta segunda-feira. Os dados analisados pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Anísio Teixeira (Inep) abrangem o grupo de pessoas nascidas entre os anos 2000 e 2005.
A pesquisa, que levou em consideração alunos com trajetórias educacionais viáveis, produziu um ‘indicador de trajetória educacional’ classificando as trajetórias em quatro categorias diferentes: regular, pouca irregularidade, muita irregularidade e interrompida. A primeira categoria inclui estudantes que iniciam o ensino fundamental aos 7 anos e concluem os ensinos fundamental e médio nas idades apropriadas, 15 e 18 anos, respectivamente.
Desigualdades na educação
Os estudantes de educação básica, em sua maioria, apresentam trajetórias educacionais pouco regulares. Esse padrão é especialmente comum entre alunos do sexo masculino, que frequentam escolas em situação socioeconômica desfavorável, com deficiências, negros, indígenas e residentes das regiões norte e nordeste do país. As desigualdades raciais e socioeconômicas persistem em todos esses grupos, evidenciando disparidades sociais significativas na educação brasileira.
Ao analisar a conclusão do ensino médio na idade correta, observa-se que a maioria dos alunos brancos alcança a meta, com 53% de regularidade. Em contrapartida, os pretos e pardos apresentam percentuais de 31% e 36%, respectivamente, enquanto os indígenas registram apenas 17% de regularidade. Nota-se uma diferença de mais de três vezes na irregularidade da trajetória educacional entre indígenas e estudantes brancos. Além disso, os estudantes de maior nível socioeconômico evidenciam desempenho muito superior aos de menor nível, com diferenças expressivas na conclusão do ensino médio na idade adequada.
Equidade social na educação brasileira
Diferenças percentuais substanciais também são identificadas ao analisar outras trajetórias educacionais, como aquelas limitadas ao ensino fundamental. Essas disparidades apresentam vulnerabilidades e limitações de desenvolvimento para os jovens, indicando uma ineficiência nos investimentos públicos em educação. As desigualdades entre grupos sociodemográficos exigem destaque e a necessidade de ações que promovam a equidade na educação brasileira, conforme ressaltam os autores da pesquisa.
O Censo Escolar divulgado pelo Inep é considerado um instrumento fundamental para a avaliação e acompanhamento da equidade entre os diferentes grupos sociais, em nível municipal. A produção de diagnósticos como o realizado pela Fundação Itaú é crucial para a melhoria da qualidade e equidade da educação no Brasil, conforme apontam os pesquisadores.
Conclusão
A análise da trajetória educacional dos estudantes brasileiros revela a existência de significativas diferenças percentuais entre grupos sociodemográficos, refletindo desigualdades sociais e raciais no sistema educacional do país. A promoção da equidade na educação é essencial para garantir oportunidades iguais de desenvolvimento para todos os jovens, destacando a importância de investimentos e políticas públicas que visem a redução das disparidades e melhoria da qualidade do ensino no Brasil.
Fonte: © CNN Brasil
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