Nutricionista analisa afirmações sobre TDAH à luz de evidências científicas, avaliando qualidade de informações e manejo do transtorno.
O TDAH é um tema cada vez mais discutido e pesquisado na internet, especialmente nos últimos anos. De acordo com uma matéria publicada pela Medicina S/A, uma revista de negócios do setor médico-hospitalar, a busca pelo termo “TDAH” apresentou um crescimento significativo de 576% em 2024, em comparação com os dados de cinco anos atrás.
Esse aumento na busca por informações sobre o transtorno de déficit de atenção e hiperatividade pode ser um reflexo da crescente conscientização sobre a neurodivergência e a importância de entender melhor as condições que afetam a mente humana. Além disso, a busca por soluções e tratamentos para o déficit de atenção e hiperatividade também pode estar impulsionando essa tendência. É fundamental que as pessoas tenham acesso a informações precisas e confiáveis sobre o TDAH para que possam tomar decisões informadas sobre sua saúde e bem-estar.
Entendendo o TDAH nas Redes Sociais
Para entender melhor a seriedade da questão do transtorno de déficit de atenção e hiperatividade (TDAH) nas redes sociais, pesquisadores realizaram uma análise do tema no artigo ‘TikTok e transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade: Um Estudo Transversal da Qualidade do Conteúdo de Mídia Social’. O objetivo era investigar a qualidade das informações médicas nos vídeos mais populares sobre TDAH no TikTok.
Para isso, foi realizada uma busca no TikTok por meio da hashtag #adhd (a sigla em inglês) no dia 18 de julho de 2021. O algoritmo retornou os vídeos mais populares com base no número de visualizações e curtidas. Foram incluídos na análise apenas vídeos que especificamente se propunham a descrever ou informar os espectadores sobre os seguintes tópicos: sintomas/diagnóstico de TDAH, experiências vividas com a neurodivergência ou manejo do TDAH.
Vídeos que não estavam em inglês, sem áudio ou texto foram excluídos, assim como aqueles que não estavam relacionados ao TDAH, e os duplicados. Os vídeos elegíveis foram avaliados independentemente por um psiquiatra e um residente de psiquiatria, ambos com experiência clínica no diagnóstico e manejo do TDAH.
Avaliação da Qualidade das Informações
A qualidade das informações foi classificada em três categorias: (1) úteis, se apresentassem informações cientificamente corretas sobre qualquer aspecto do TDAH, variando de sintomas a epidemiologia; (2) experiência pessoal, se descrevessem uma experiência anedótica de um paciente com os sintomas ou tratamento; ou (3) enganosos, se contivessem alegações sem evidências científicas.
Também foram usadas escalas pré-existentes de avaliação de qualidade de informação médica para o público, com critérios como ‘compreensibilidade’ (facilidade de entender o material apresentado) e confiabilidade das fontes, e extraídos os metadados dos vídeos.
Resultados da Análise
Como resultado, verificou-se que os 100 vídeos analisados somaram mais de 283 milhões de visualizações, sendo que 89 deles foram carregados por indivíduos que não eram profissionais de saúde. Em média, cada vídeo teve 2,8 milhões de visualizações, mais de 31 mil compartilhamentos e uma duração de 36,7 segundos.
Desses 100 vídeos, 52% foram classificados como enganosos (apresentando quase 2,5 milhões de visualizações, 549 mil curtidas e 24 mil compartilhamentos), 27% como experiências pessoais (com quase 3,9 milhões de visualizações, 839 mil curtidas e 46 mil compartilhamentos) e apenas 21% como úteis (2,3 milhões de visualizações, 566 mil curtidas e 28 mil compartilhamentos).
A compreensibilidade do conjunto foi considerada bem alta. Já a qualidade das fontes, baixa. Ao comparar as características dos vídeos de profissionais de saúde com os de não profissionais, verificou-se que os não profissionais apresentaram significativamente mais vídeos enganosos – o que era esperado, já que representavam 89% da amostra – e foram mais populares, embora essa diferença não tenha sido estatisticamente significativa.
Os autores notam que parte do conteúdo trata de testes diagnósticos de TDAH, levantando a possibilidade de que as informações apresentadas possam ser enganosas ou incompletas, o que pode afetar a qualidade do manejo do transtorno de déficit de atenção e hiperatividade.
Fonte: @ Veja Abril
Comentários sobre este artigo