Um espaço para debater bem-estar, alimentação saudável e inovação no supermercado da Flórida: letras miúdas nas embalagens.
‘Bolachas recheadas sabor chocolate. Livre de conservantes’, assim anunciava a embalagem em um supermercado no Rio de Janeiro. Porém, ao ler os ingredientes com atenção, ficava claro que apenas o cacau ultraprocessado tinha alguma proximidade com a natureza. Na busca por opções mais saudáveis para os consumidores, me deparei com a realidade por trás dos alimentos ultraprocessados.
Enquanto percorria as prateleiras, me dei conta de que a maioria dos produtos à disposição dos clientes era comida fabricada em laboratórios, distante da simplicidade dos alimentos processados. A importância de escolher opções mais naturais tornava-se cada vez mais evidente, em meio a um mar de opções tentadoras, porém repletas de aditivos artificiais. Optar por alimentos mais próximos à sua forma original é essencial para uma alimentação equilibrada e saudável, indo além do que os alimentos ultraprocessados prometem oferecer.
Reflexão sobre a Regulamentação dos Alimentos Processados
Conforme foi crescendo, o mercado alimentício passou a ser mais regulamentado em todo o mundo. No entanto, mesmo com essas normas, vemos que certas nomenclaturas são destacadas para promover alimentos que, de outra forma, poderiam parecer menos atrativos. Não se trata de um simples ‘jeitinho brasileiro’. Uma busca em sites internacionais revela uma variedade de produtos como ‘pizza orgânica’, ‘sem conservantes’, utilizando ‘pepperoni não curado’ de porcos criados de forma livre, consumindo ração vegetariana, e às vezes até ‘sem glúten’. São inúmeras opções, mas todas se enquadram em uma definição mais ampla e atual – a dos alimentos ultraprocessados.
A Expansão do Termo ‘Alimentos Ultrprocessados’
O termo ‘alimentos ultraprocessados’ tem migrado dos debates de saúde – onde foi relacionado a 32 doenças por cientistas de diferentes partes do mundo – para as discussões econômicas. Esse conceito tem influenciado políticas públicas em diversas nações e, no Brasil, há uma proposta de aumentar os impostos sobre a ‘comida fabricada’ para promover o consumo de ‘alimentos de verdade’. Mas será que podemos realmente estabelecer essa dicotomia?
A Diversidade nas Definições de Alimentos
A definição de alimento, no dicionário, remete a substâncias essenciais para a sobrevivência e crescimento do organismo. Por que então um alimento fabricado em uma fábrica não seria considerado como tal? Limitar os avanços das técnicas agrícolas e industriais, que têm o potencial de alimentar bilhões de pessoas no mundo, parece contraproducente.
Questionando a Oposição Entre Alimentos Processados e Alimentos Tradicionais
É prejudicial que nosso pão diário venha embalado? Seria impraticável para a maioria das pessoas preparar esse alimento básico diariamente. Conforme Louise Fresco mencionou em uma palestra sobre produção de alimentos, a produção manual em larga escala pode não ser moralmente justificável.
A Importância da Variedade e do Conhecimento na Escolha Alimentar
Generalizações e falta de informação adequada sobre os diferentes graus de processamento na indústria alimentícia podem levar o público a desconfiar de todos os produtos. É crucial avaliar com cuidado, assim como se avalia uma pizza congelada, e reconhecer que nem todos os alimentos ultraprocessados são iguais. Há uma gama de produtos com propósitos e composições distintas, que atendem a diferentes necessidades nutricionais.
Encontrando o Equilíbrio na Alimentação
É essencial buscar um meio-termo que permita suprir as necessidades de uma alimentação equilibrada em termos de calorias e nutrientes, sem demonizar a conveniência dos alimentos industrializados. A capacidade de fazer escolhas conscientes e adaptadas a cada situação é fundamental para uma alimentação saudável e sustentável. Em última análise, como diz o provérbio português, quem não tem pão, tem fome.
Fonte: @ Veja Abril
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