Cinco fatores ajudam a entender a escalada: risco fiscal, política, mercado, arcabouço e gastos do governo ao longo do tempo.
O dólar continua a surpreender, mesmo antes do final da semana. Até o momento, a alta acumulada é de 1% em relação ao real, mas isso é apenas o começo. No mês, a valorização já ultrapassa os 5,5%, e no ano, o dólar já acumula uma escalada de quase 19%, aproximando-se dos maiores níveis em mais de três anos e meio. A tendência é de que o dólar continue a subir.
A moeda americana tem sido uma das principais responsáveis pela instabilidade econômica no Brasil. Com a valorização do dólar, a moeda estrangeira se torna mais cara para os brasileiros, o que pode afetar negativamente a economia do país. A alta do dólar também pode afetar a inflação. Ao longo do dia, o dólar chegou a tocar R$ 5,79, um valor que não era visto há anos. A tendência é de que o dólar continue a subir, o que pode ter consequências negativas para a economia brasileira.
O Dólar em Alta: Entendendo os Fatores Principais
A valorização do dólar em relação ao real é um fenômeno complexo que envolve vários fatores. Para entender melhor essa tendência, é importante analisar os principais motivos que contribuem para essa alta. A seguir, apresentamos cinco fatores que têm influenciado a valorização do dólar.
O risco fiscal no Brasil é um dos principais motivos para a alta do dólar. A incerteza em relação à condução da política fiscal no país tem levado os investidores a buscar refúgio em moedas mais estáveis, como o dólar americano. A falta de ação concreta para reduzir os gastos do governo e a incerteza em relação ao arcabouço fiscal têm contribuído para essa tendência.
‘Os investidores brasileiros e estrangeiros estão migrando seus investimentos para fora porque está mais claro que o arcabouço fiscal não é suficiente para que os gastos fiquem dentro do centro da meta do orçamento’, afirma Caique Stein Laguna, especialista de investimentos offshore na Blue3 Investimentos. ‘Isso tem influenciado a apreciação do dólar frente ao real’.
O Impacto das Eleições nos EUA e da Economia Chinesa
As eleições presidenciais nos EUA também têm influenciado a valorização do dólar. A possibilidade de uma vitória do republicano Donald Trump tem levado os investidores a se preparar para políticas mais inflacionárias, o que diminui o espaço para o Federal Reserve (Fed) cortar juros. Isso tende a favorecer o dólar e impactar as moedas emergentes.
Além disso, a economia chinesa também tem apresentado sinais de fraqueza, o que tem pesado no cenário de moedas. O presidente Xi Ji Ping reiterou a necessidade de aprovação de um novo apoio fiscal ao país, o que tem contribuído para a valorização do dólar.
A tensão no Oriente Médio também tem reflexo imediato no petróleo e assim os demais fatores climáticos também seguem com grande influência nos preços das commodities, penalizando as moedas de países exportadores, como o Brasil.
O Final de Ano e a Sazonalidade Negativa
O final de ano também é um período marcado por uma sazonalidade negativa no mercado, com o fluxo financeiro piorando, o que também pressiona a moeda. Andrea Damico, economista-chefe da Armor Capital, comenta que os meses de novembro e dezembro são marcados por essa tendência.
Compro dólar agora ou espero? Caique Stein Laguna, da Blue3 Investimentos, reforça que a compra faz sentido mesmo nesse momento que o dólar está em alta. ‘Acredito que enquanto a questão fiscal no Brasil não tiver as claras, enquanto os projetos do governo em cortar gastos não estejam num compromisso público para combater a inflação, podemos ver a moeda americana, quiçá, atingir o histórico patamar dos R$ 6’, avalia Marcio Riauba, gerente da Mesa de Operações da StoneX Banco de Câmbio.
Fonte: @ Valor Invest Globo
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