Diagnóstico complexo na região amazônica devido à baixa disponibilidade de exames, sintomas similares a dengue e outras doenças virais transmitidas.
A febre oropouche continua a preocupar as autoridades de saúde no Brasil. Recentemente, houve um aumento significativo no número de casos da febre oropouche no país. Os registros do Ministério da Saúde (MS) indicam que só nas quinze primeiras semanas de 2024, houve um total de 3.354 casos da febre oropouche contabilizados, um número alarmante em comparação com o ano anterior.
Esse aumento repentino dos casos de febre oropouche levanta preocupações sobre a possibilidade de uma epidemia emergir em diferentes regiões do Brasil. A disseminação dessa doença requer uma ação rápida e eficaz das autoridades de saúde para conter qualquer possível surto futuro, protegendo assim a população vulnerável.
Desafios na Detecção e Notificação da Febre Oropouche
Fora da região Norte, Bahia (31), Mato Grosso (11), São Paulo (7), e Rio de Janeiro (6) foram os estados com maior número de registros da doença. O Ministério da Saúde enfatiza a importância da descentralização do diagnóstico laboratorial para detecção do vírus nos estados da região amazônica, onde a febre oropouche é considerada endêmica.
A febre oropouche apresenta uma situação epidemiológica complexa, com a possibilidade de subnotificação de casos. Enquanto a região amazônica conta com maior disponibilidade de exames, há outras regiões do Brasil sem capacidade de detecção, sugerindo que o número real de casos pode ser muito superior ao registrado. Além disso, a semelhança dos sintomas da oropouche com a dengue contribui para a subnotificação, já que ambos os quadros causam sintomas como dor de cabeça, nos músculos e articulações, náusea e diarreia.
A infectologista Emy Gouveia destaca que o fenômeno El Niño e as mudanças climáticas associadas a temperaturas elevadas e chuvas irregulares favorecem a reprodução dos mosquitos transmissores, impactando a disseminação da doença. A febre oropouche é uma doença viral transmitida pelo Culicoides paraensis, também conhecido como maruim ou mosquito-pólvora, cujo vírus foi identificado no Brasil na década de 1960.
Transmissão e Ciclos da Febre Oropouche
A transmissão da febre oropouche ocorre principalmente pela picada do maruim infectado. Existem dois ciclos de transmissão da doença: o silvestre, em que animais como bichos-preguiça e macacos são os hospedeiros do vírus, e o urbano, em que os humanos são os principais hospedeiros. O Culicoides paraensis é considerado o vetor principal da febre oropouche, sendo o maruim um transmissor significativo em ambos os ciclos.
A diversidade de mosquitos envolvidos na transmissão do vírus é uma das principais preocupações em relação à febre oropouche, uma vez que diferentes espécies podem estar associadas aos surtos da doença. A compreensão desses ciclos de transmissão se torna essencial para o controle e prevenção eficazes da epidemia em áreas endêmicas e potencialmente em regiões onde a doença ainda não foi amplamente notificada.
Ao abordar as medidas de vigilância e controle da febre oropouche, é crucial considerar a capacitação dos profissionais de saúde, a implementação de estratégias de controle vetorial e a conscientização pública sobre os riscos e sintomas da doença. A colaboração entre o Ministério da Saúde, instituições de pesquisa e a população em geral é fundamental para enfrentar os desafios apresentados por essa doença viral emergente.
Fonte: @ Estadão
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