Justiça é lenta, cega e burra, mas chega, disse juíza do Tribunal do Júri, após investigação complexa de crimes de duplo homicídio, com penas privativas e danos morais.
O 4º Tribunal do Júri do Rio de Janeiro decidiu condenar os ex-policiais militares Ronnie Lessa e Élcio de Queiroz pelos assassinatos da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes, um caso que chocou o país. Os condenados receberam penas severas, com Lessa sendo sentenciado a 78 anos, 9 meses e 30 dias de prisão, enquanto Élcio recebeu uma pena de 59 anos, 8 meses e 10 dias.
Essa decisão é um marco importante na busca por justiça para as famílias das vítimas. Os ex-policiais militares foram julgados e punidos por seus crimes, e agora devem cumprir suas penas. A condenação de Ronnie Lessa e Élcio de Queiroz é um exemplo de que a justiça pode ser feita, mesmo em casos complexos e difíceis. A esperança é que essa decisão traga algum alívio para as famílias das vítimas. Os condenados agora devem enfrentar as consequências de seus atos, e a sociedade pode ter a certeza de que a justiça foi feita.
Condenados: Ronnie e Élcio Sentenciados por Crimes de Duplo Homicídio
Além das penas privativas de liberdade, os réus Ronnie Lessa e Élcio Queiroz foram punidos com a obrigação de pagar uma pensão mensal ao filho de Anderson, Arthur, até que ele complete 24 anos, e de indenizar cada uma das vítimas envolvidas – incluindo a filha de Marielle, Luyara Santos, e sua mãe, Marinete da Silva – em R$ 706 mil por danos morais. A decisão do Tribunal do Júri do Rio encerra mais uma etapa de um processo marcado por uma complexa investigação desde o atentado que ocorreu em 14 de março de 2018, quando Marielle, após participar de um evento na Lapa, retornava para casa.
O veículo foi alvo de disparos, matando a vereadora e seu motorista e ferindo a assessora Fernanda Chaves, que sobreviveu ao ataque. O Júri reconheceu a culpabilidade de Lessa e Queiroz em crimes de duplo homicídio triplamente qualificado (motivo torpe, emboscada e recurso que dificultou a defesa das vítimas), tentativa de homicídio contra Chaves e receptação do veículo usado no crime. Durante o julgamento, o MP/RJ destacou que o crime teve motivações políticas e financeiras, ressaltando que Ronnie e Élcio teriam aceitado o trabalho para eliminar Marielle em razão de seu trabalho legislativo e de sua atuação política.
Investigação Complexa e Condenação dos Réus
Segundo o MP/RJ, Ronnie Lessa, que teria executado os disparos, começou a planejar o crime ainda em 2017, realizando buscas na internet sobre a vereadora e formas de execução sem rastreamento. A Promotoria apresentou evidências de que, além de investigar a rotina de Marielle, Lessa e Queiroz buscaram informações sobre outros políticos associados a ela. O julgamento teve como assistente de acusação a defensora pública Daniele Silva, que trouxe ao debate o aspecto racial do crime, apontando que Marielle, mulher negra e oriunda de uma comunidade marginalizada, representava uma figura de resistência e enfrentamento às estruturas políticas e sociais.
A composição do Júri, formada por sete homens brancos, não incluía mulheres negras – fato mencionado pela acusação como uma possível limitação de representatividade. Entretanto, o MP/RJ argumentou que a decisão deveria basear-se nos valores e no compromisso dos jurados com a Justiça. Em sua sentença, a juíza Lúcia Glioche enfatizou que a Justiça, embora muitas vezes lenta e imperfeita, alcança os culpados. Destacou ainda que a condenação de Lessa e Queiroz representa uma resposta institucional aos que acreditavam que o crime ficaria impune.
Justiça e Condenação dos Culpados
‘A Justiça por vezes é lenta, é cega é burra, é injusta, é errada, é torta. Mas ela chega. Mesmo para acusados que acham que jamais vão ser atingidos. A Justiça chega aos culpados e tira o bem mais importante deles, depois da vida, que é a liberdade.’ O caso também se estende ao STF, onde um processo paralelo julga possíveis mandantes do crime, incluindo Chiquinho e Domingos Brazão – respectivamente, conselheiro do Tribunal de Contas do Estado do Rio de Janeiro e deputado Federal.
Fonte: © Migalhas
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