Criminosos desviam Pix de contas de luz, água e telefone usando Reboleto. Alteram documento anexo do email sem deixar pistas para usuário. Novo golpe na deep web.
Recentemente, tem se intensificado a prática de golpes envolvendo o Pix, um meio de pagamento instantâneo cada vez mais utilizado no Brasil. Golpistas conseguem desviar pagamentos destinados a contas de luz, água, telefone e outros serviços, prejudicando os usuários que muitas vezes não percebem a fraude. Essa modalidade criminosa usa de artifícios tecnológicos para conseguir acesso aos valores transferidos de forma rápida e sem deixar rastros.
Os estelionatários se aproveitam de brechas nos sistemas de segurança para aplicar seus golpes, muitas vezes se passando por empresas reconhecidas e confiáveis. Além disso, os cibercriminosos modificam softwares como o Reboleto, cuja finalidade inicial era revalidar boletos vencidos. Agora, contudo, essa ferramenta foi adaptada para permitir a alteração do código QR presente nas cobranças, facilitando assim o desvio de valores para contas bancárias dos golpistas.
Estelionatários se aproveitam da tendência de empresas incentivarem contas digitais
Quem paga a conta fraudada tem um prejuízo dobrado: perde o dinheiro e continua com a dívida. Os estelionatários se aproveitam da tendência das empresas incentivarem a adesão ao envio de contas digitais. Há concessionárias de energia, água ou telecomunicações que oferecem descontos, em função da economia com papel e transporte.
Golpistas usam meios como Pix e sistema bancário tradicional para aplicar golpes
Existe incentivo também para o pagamento via Pix, que não envolve as taxas do sistema bancário tradicional. Para não deixar rastros, os criminosos usam um método de acesso ao email chamado de imap, que permite acessar e editar textos e documentos contidos em mensagens sem mostrar que as mensagens foram abertas ou adulteradas.
Com esse sistema, os golpistas acessam documentos em diversas contas de email comprometidas ao mesmo tempo. As mensagens que envolvem pagamentos são encontradas a partir de palavras-chave como ‘segue anexo o boleto’, ‘chave Pix’ e ‘QR code Pix’. O acesso ao email da vítima ainda depende de senha.
Golpes cibernéticos se intensificam com a atuação de cibercriminosos na deep web
Cibercriminosos conseguem comprar bancos de dados com informação de acesso a contas na internet ou roubá-la a partir de anúncios fraudulentos ou de um vírus espião, o stealer. Às vezes, a palavra-chave vazada na deep web não é especificamente a do email, mas as pessoas também têm o hábito de repetir senha. Outra vulnerabilidade são senhas muito simples, como ‘123456’ ou ‘123mudar’.
Criminosos utilizam métodos como força bruta e criam empresas fictícias para aplicar golpes
Um software chamado ‘força bruta’ testa possibilidades de senhas até conseguir acesso à conta e palavras-chaves triviais são os primeiros chutes. A vítima ainda pode perceber a fraude, caso verifique o remetente do Pix.
‘Os criminosos mais detalhistas criam microempresas com nomes parecidos com o das empresas que emitiram o boleto, mas outros simplesmente colocam a conta de um laranja’, diz Fabio Assolini, chefe de equipe de analistas de segurança da Kaspersky, empresa que descobriu o novo golpe.
Prevenção é essencial para evitar golpes e fraudes financeiras
Se a vítima perceber o golpe muito rapidamente, há chances de o banco estornar o Pix, visto que esse método de transferência é rastreável. Cibercriminosos, porém, costumam distribuir os valores rapidamente entre várias contas laranjas, para dificultar o rastreio do dinheiro. Os valores das cobranças não costumam ser alterados, para manter a verossimilhança do golpe.
Os estelionatários preferem boletos com altos valores. ‘O acesso ao email de um funcionário do setor financeiro de uma empresa pode fazer grandes estragos’, diz Assolini. Outro modo de checar a procedência do boleto é usar a opção do internet banking que lista todos os boletos emitidos para um CPF ou CNPJ, o débito direto automático.
Cuidados e medidas de segurança recomendados para evitar cair em golpes financeiros
Assim, a pessoa conseguirá ver a cobrança original e o código fraudulento. PARA SE PREVENIR – Para se prevenir desse golpe, o primeiro passo é se proteger de vazamentos de senhas e adotar palavras-chaves fortes, com números, letras maiúsculas e minúsculas, além de símbolos.
Assolini recomenda o uso de programas administradores de senha que gravam as palavras-chave, como 1Password, Bitwarden ou Nordpass. ‘O usuário não precisa lembrar a senha e sim evitar repeti-las e torná-las difíceis.’ Também é possível verificar se um email está em bases de dados disponíveis na internet em sites como haveibeenpwned.com e https://password.kaspersky.com/pt/.
Assolini também indica que empresas contratem serviços de monitoramento de fóruns de cibercriminosos para checar credenciais vazadas
Fonte: © TNH1
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