Springs Global consolida parque industrial e renegocia dívidas. Default em debêntures da Ammo Varejo continua sem solução.
Recentemente, foi divulgado que a Coteminas, empresa de Josué Gomes da Silva, estava enfrentando sérios problemas com suas finanças, principalmente relacionados a dívidas. A Ammo Varejo, divisão do grupo que engloba as marcas MMartan, Santista e Artex, estava correndo o risco de ser perdida devido aos altos passivos acumulados.
Essa situação delicada, marcada por débitos elevados, representa um grande desafio para a Coteminas. A empresa precisa encontrar soluções rápidas para lidar com seus passivos e garantir a continuidade de suas operações no mercado. A gestão financeira adequada se faz necessária para evitar consequências ainda mais graves para a companhia.
Crise financeira e dívidas da Coteminas
Além das dificuldades financeiras da própria Coteminas, o caso envolvia uma emissão de debêntures de R$ 175 milhões, em maio de 2022, estruturada pela Farallon Capital e com garantia atrelada a 100% das ações da rede, que, posteriormente, entrou em default, quebrando covenants (cláusulas restritivas) firmados no contrato.
A operação de varejo enfrentava um momento delicado, com a divulgação do fato relevante na noite de terça-feira, 2 de abril, pela Springs Global, controladora da Coteminas e da Ammo Varejo, anunciando o pagamento de parcelas de financiamentos, a consolidação do parque industrial e a renegociação de parte dos débitos das duas operações.
Recuperação financeira: estratégias para redução de passivos
A companhia informou que concluiu a dação (restituição) em pagamento/venda de ativos não operacionais que reduzem ‘imediatamente’ o seu passivo em R$ 70 milhões. E que está trabalhando para completar a due diligence da venda de outro ativo que levará a uma redução de mais R$ 30 milhões.
Como parte desse processo, a Springs Global anunciou ainda que outras negociações, que envolvem a dação em pagamento de outros ativos não operacionais, no valor aproximado de R$ 100 milhões, estão em curso, com a possibilidade de concretização ao longo das próximas semanas.
Ações para melhoria da situação financeira
Em outra frente, o grupo afirma que concluiu o alongamento de ‘parte relevante’ do seu passivo financeiro de cerca de R$ 500 milhões, para um novo duration de 9,15 anos, com vencimento final em 2033 e custo médio ponderado de CDI+0,03% ao ano. A empresa também informou que desativou plantas industriais, cujos imóveis foram disponibilizados para venda ou arrendamento.
E ressaltou que a medida está em linha com iniciativas adotadas em 2023, como a demissão de 1.742 funcionários nas unidades de Montes Claros (MG), Blumenau (SC) e João Pessoa (PB).
Renegociação de acordos e indicadores financeiros
Em paralelo, a controladora da Coteminas e da Ammo Varejo disse estar em fase de conclusão da renegociação de acordos com fornecedores que resultaram na redução de capital de giro, de 180 dias para menos de 60 dias. Como resultado desse pacote, a empresa informou que não foi possível apurar os indicadores referentes aos seus balanços do segundo e do terceiro trimestres de 2023.
E ressaltou que, juntamente com suas controladas, não está medindo esforços para concluir esse trabalho, juntamente com os dados do primeiro trimestre de 2024.
Desafios econômicos e reestruturação de empresas
Segundo os dados públicos mais recentes do grupo, relativos ao primeiro trimestre de 2023 e divulgados com um atraso de mais de sete meses, a Coteminas apurou um prejuízo de R$ 212,1 milhões, contra uma perda de R$ 64,8 milhões, um ano antes. Entre janeiro e março do ano passado, a receita líquida recuou 55,1%, em base anual, para R$ 171,3 milhões.
A companhia fechou o período com uma posição de dívida líquida ajustada de R$ 672,5 milhões, ante R$ 590 milhões no fim de 2022.
Situação atual e desdobramentos financeiros
Apesar do fato relevante extenso, no que diz respeito à captação encampada pela Farallon Capital, a Springs Global se limitou a informar que as debêntures emitidas, assim como emissões feitas pela Coteminas, estão sendo negociadas com os debenturistas pelo não cumprimento de covenants.
Ainda em fevereiro, o NeoFeed apurou que, no caso da Ammo Varejo, a falta de recursos já tinha reflexos em outros elos da operação. Dona de 250 lojas, entre próprias e franquias, a varejista informou a parceiros que estava enfrentando dificuldades na liberação de peças para abastecer essas unidades.
Desafios e soluções para reverter o cenário econômico
Essa conta apontava para 155 mil mercadorias importadas à espera de liberação, por falta de pagamento, além de outras 436 mil que ampliariam esse ‘estoque’ até o fim de março. Até setembro, o número total de peças já contratadas chegava a 2,25 milhões de peças.
Em reunião com franqueados realizada naquele mesmo mês, a Ammo Varejo ressaltou que, em função das vendas menores, sua capacidade de liberação dos estoques estava reduzida. E que estava estudando junto com sua importadora e instituições financeiras formas de solucionar esse problema.
Reestruturação e melhorias econômicas em curso
Na época, procurada pelo NeoFeed, a Ammo Varejo informou que as 155 mil peças já haviam sido liberadas e que as demais mercadorias seriam liberadas gradativamente. E ressaltou que, ao contrário do que divulgou no fato relevante de hoje, havia restabelecido as garantias das debêntures com a Farallon Capital.
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Fonte: @ NEO FEED
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