Com o fechamento das escolas devido à pandemia, a faixa etária de alunos de 6 a 14 anos com atraso escolar aumentou, destacando a distorção idade-série e a falta de políticas públicas adequadas.
Os números mais recentes da Pnad (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua) Educação evidenciam um cenário preocupante: o índice de alunos de 6 a 14 anos matriculados no ensino fundamental no Brasil não alcançou a meta estabelecida, marcando um retrocesso em relação aos anos anteriores.
Essa queda no índice de alunos no ensino fundamental impacta diretamente o futuro das crianças e jovens brasileiros, exigindo ações emergenciais para reverter esse quadro e garantir o pleno desenvolvimento educacional de nossa sociedade.
Impacto do índice de alunos na frequência escolar líquida
➡️O estudo realizado pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) indica que, até 2023, 94,6% dos estudantes dentro da faixa etária adequada estavam matriculados na etapa correta. No entanto, as metas estabelecidas pelo PNE (Plano Nacional de Educação) apontam para a necessidade de atingir um mínimo de 95% até 2024.
É evidente que a queda nesse índice de alunos pode estar relacionada à evasão, abandono escolar ou reprovação, levando alguns estudantes a permanecer atrasados em relação à série correta, como no caso de 4,8% das crianças brasileiras entre 6 e 14 anos que ainda estão na pré-escola, e 0,4% que estão fora das instituições de ensino.
‘Esses dados são preocupantes. Temos observado um aumento significativo de crianças que deveriam estar no ensino fundamental, mas ainda estão na pré-escola. Acreditamos que isso reflita os impactos da pandemia, com muitas delas perdendo o acesso à educação infantil devido ao fechamento prolongado das escolas’, destaca Gabriel Corrêa, diretor de políticas públicas da ONG Todos Pela Educação.
Os microdados da Pnad revelam que, em 2019, 11% das crianças de 6 anos ainda frequentavam a pré-escola, embora devessem estar no ensino fundamental. No entanto, em 2023, esse índice saltou para 29%, indicando uma mudança significativa.
Impacto da pandemia no fechamento das escolas e na frequência escolar líquida
De fato, como mencionado anteriormente, a interrupção das atividades escolares durante a pandemia causou um aumento ainda maior no atraso dos alunos. Segundo a Pnad, o índice de frequência escolar líquida caiu de 97,1% em 2019 para 95,2% em 2022, evidenciando os desafios enfrentados nesse período peculiar. Nos anos de 2020 e 2021, não foram realizadas coletas de dados devido às questões sanitárias vigentes.
Essa situação reflete-se nas estatísticas do Censo Escolar de 2023, que apontam para uma distorção idade-série preocupante, principalmente no 6º ano do ensino fundamental, onde 15,8% dos estudantes não possuem a idade adequada para a série em que se encontram, seja por reprovação ou abandono escolar em períodos anteriores.
Desafios enfrentados pelos jovens: falta de estudar e trabalhar, analfabetismo e creches
Um dos pontos críticos identificados é a geração ‘Nem-Nem’, que engloba jovens de 15 a 29 anos que não estão envolvidos em atividades educacionais ou profissionais, totalizando 9,6 milhões de indivíduos, o que representa 19,8% dessa população. Além disso, o índice de analfabetismo, com 9,3 milhões de indivíduos de 15 anos ou mais em situação de analfabetismo, sendo a região Nordeste a mais afetada.
Por outro lado, houve um aumento no percentual de pessoas com 25 anos ou mais que concluíram o ensino médio, passando de 29,9% em 2022 para 30,6% em 2023, demonstrando um avanço nesse aspecto. Contudo, o desafio da creche ainda persiste, com apenas 38,7% das crianças de 0 a 3 anos matriculadas nessa etapa, apesar do crescimento de 2,7 pontos percentuais em relação a 2022 e da meta estabelecida pelo PNE de atingir 50% até 2024.
Fonte: © G1 – Globo Mundo
Comentários sobre este artigo