Manifestantes exigiram demarcação de terras e apoio à agricultura familiar diante da situação de escassez e desastre socioambiental.
Variações no clima no Sul e seca com incêndios no Pantanal. Comunidades indígenas que enfrentam consequências reais dessas mudanças climáticas no Brasil realizaram um protesto na Esplanada dos Ministérios, na última quarta-feira (26).
No Pantanal, as alterações climáticas têm impactado diretamente a vida selvagem e as populações locais. As variações do clima têm causado grandes desafios para a preservação ambiental na região.
Mudanças Climáticas: Impactos e Reivindicações dos Povos Indígenas
Eles se deslocaram até a Praça dos Três Poderes em busca de mais políticas públicas, demarcação de terras e apoio governamental para lidar com a situação de escassez de recursos e os desafios enfrentados na atividade agrícola. Segundo o coordenador-geral do movimento Levante pela Terra, Kretã Kaingang, residente no Paraná, mais de 400 indígenas estão em Brasília para pleitear políticas públicas após o desastre socioambiental ocorrido no Rio Grande do Sul. ‘O que ocorreu no Sul foi uma verdadeira catástrofe, e infelizmente, pode se repetir em todo o país. A falta de acesso a políticas afirmativas é evidente, e isso se deve ao racismo enraizado contra os povos indígenas em diversos municípios e estados. Precisamos urgentemente de mais recursos’, ressaltou.
Kretã Kaingang, vindo do Paraná, participa ativamente da marcha do Levante pela Terra na Esplanada dos Ministérios. Por sua vez, a liderança do povo Xokleng no Rio Grande do Sul, Luis Salvador, destacou que 48 famílias da comunidade enfrentam dificuldades em decorrência das intensas chuvas. ‘As precipitações na nossa região têm impactado significativamente nossa atividade agrícola. A agricultura familiar, que é a base de nosso sustento, encontra-se ameaçada. Nosso foco é produzir alimentos saudáveis, e não produtos envenenados’, enfatizou. Salvador ressaltou ainda que a falta de demarcação de terras torna os territórios das populações tradicionais mais vulneráveis, sujeitos ao interesse de grandes proprietários de terra que visam expandir suas produções.
Durante o protesto, os indígenas também manifestaram sua insatisfação com o tratamento diferenciado recebido, com mais recursos destinados ao agronegócio, em contrapartida à menor atenção dada às populações tradicionais. Além dos desafios enfrentados no Sul, representantes indígenas de Mato Grosso do Sul alertaram para os impactos das atuais queimadas no Pantanal sobre as comunidades indígenas. ‘Estamos sofrendo com a devastação causada pelo fogo, afetando nossas águas e terras’, lamentou a liderança Valdelice Verón, do povo Guarani Kaiowá.
Joana Sarako, indígena de 64 anos e avó de 20 netos, residente em Laguna Carapã (MS), expressou sua profunda preocupação com o futuro das novas gerações. ‘Nossa água está mais suja do que nunca’, alertou. Até o fechamento desta reportagem, os ministérios dos Povos Indígenas e da Agricultura e Pecuária não se pronunciaram sobre o ato dos indígenas na Esplanada dos Ministérios.
Fonte: @ Agencia Brasil
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