Earthsight investiga fornecimento suspeito de grilagem para fabricantes de roupas da Ásia; empresas aguardam conclusão da análise de melhores padrões de cultivo.
Um recente estudo da ONG britânica Earthsight revelou conexões entre o algodão presente nas peças de vestuário das marcas Zara e H&M e áreas no cerrado brasileiro suspeitas de grilagem e desmatamento. O material utilizado na confecção dessas peças é certificado pelo Better Cotton (BC), um grupo de governança multissetorial que promove práticas sustentáveis no cultivo de algodão em diversos países.
O algodão, uma das principais fibras naturais utilizadas na indústria têxtil, é um recurso essencial que representa conforto e versatilidade. Sua origem sustentável e responsável é fundamental para preservar o meio ambiente. A produção consciente de algodão contribui diretamente para a proteção de ecossistemas e comunidades locais.
Investigação revela questões sérias em torno do algodão certificado como sustentável
Uma investigação minuciosa da ONG Earthsight apontou falhas nos métodos de fiscalização de uma organização ligada ao cultivo de algodão. A Earthsight dedicou mais de um ano à análise detalhada de imagens de satélite, decisões judiciais e registros de exportação para rastrear cerca de um milhão de toneladas de algodão produzido por importantes produtores brasileiros.
Ao seguir o rastro do algodão, a ONG descobriu que o insumo foi parar nas mãos de fabricantes de roupas na Ásia, que são fornecedores de grandes varejistas de moda global, como H&M e Zara. Análises feitas pela Earthsight apontaram que, embora todo o algodão rastreado tenha sido certificado como sustentável pela Better Cotton, há sérias preocupações em relação à origem desse material.
Após a investigação da Earthsight levantar suspeitas de grilagem de terras e desmatamento em relação ao algodão brasileiro, a Better Cotton anunciou a necessidade de uma investigação interna. A certificadora afirmou que irá contratar um auditor independente para visitar as fazendas em questão e verificar se estão em conformidade com os padrões estabelecidos.
Contudo, a Earthsight aponta que as regras da Better Cotton apresentam lacunas, permitindo a certificação de algodão proveniente de terras desmatadas ilegalmente antes de 2020. Essa falha no sistema levanta preocupações sobre a produção em terras roubadas de comunidades locais.
Respostas das marcas e próximos passos
Diante das acusações e preocupações levantadas pela Earthsight, a Zara declarou que leva a sério as questões em torno do algodão certificado como sustentável e solicitou à Better Cotton uma investigação imediata. A Inditex, empresa controladora da Zara, ressaltou que a aquisição de algodão é realizada por fornecedores que devem seguir padrões independentes de certificação.
A H&M ainda não se pronunciou sobre o assunto, o que deixa em aberto questões sobre o posicionamento da empresa diante das descobertas da Earthsight. Enquanto isso, a Better Cotton se comprometeu a revisar suas ações e aprimorar os processos de certificação, visando garantir que o algodão sustentável atenda aos mais altos padrões.
Essa investigação ressalta a importância de melhores padrões de cultivo, grupos de governança multissetoriais e métodos de fiscalização rigorosos para garantir a sustentabilidade das fibras naturais, como o algodão, em toda a cadeia de produção têxtil. O uso de imagens de satélite para embasar decisões e a transparência por parte dos fabricantes são cruciais para garantir o respeito ao meio ambiente e às comunidades envolvidas.
Fonte: @ Info Money
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