Economistas do banco preveem Selic de 9,75% ao ano no fim do ciclo de cortes, devido a desinflação mais lenta e expectativas de inflação.
A situação econômica atual, marcada por um ambiente global volátil e por um processo de desaceleração da inflação no país, reforça a importância de uma abordagem cuidadosa do Banco Central em relação aos juros. De acordo com análises do Itaú Unibanco, a decisão de manter uma postura mais conservadora é considerada apropriada diante desse contexto complexo e pode resultar em uma redução menos agressiva das taxas de juros nos próximos meses.
A incerteza relacionada à evolução da economia global e a necessidade de equilibrar o crescimento doméstico com a manutenção da estabilidade financeira nacional destacam a importância do gerenciamento adequado das taxas de juros pelo Banco Central. Nesse sentido, a atuação cautelosa da autoridade monetária quanto aos juros demonstra um esforço para manter um ambiente econômico mais previsível e sustentável, visando garantir a solidez do mercado financeiro a longo prazo.
Itaú projeta aumento da taxa Selic e desaceleração do ciclo de cortes de juros
Diante do aumento dos riscos, a expectativa é de uma elevação da taxa Selic ao final do ciclo, alcançando 9,75% (anteriormente, 9,25%). A flexibilização monetária deve desacelerar a partir de junho. Os economistas do Itaú apontam que, internacionalmente, a trajetória de desinflação nas economias desenvolvidas tem sido irregular, o que posterga o início de um ciclo de cortes de juros, afetando a taxa de câmbio.
No cenário interno, os reajustes salariais continuam superando a inflação, com pressão adicional na inflação de serviços, especialmente em itens ligados ao mercado de trabalho e dinâmica salarial. As expectativas de inflação têm se mantido acima da meta há vários trimestres. Portanto, além da previsão de uma Selic mais alta no final de 2025, o Itaú projeta que o nível de 9,75% será mantido ao longo de 2025, confiando na postura da autoridade monetária em buscar levar a inflação para a meta.
Porém, diante dos riscos crescentes para a inflação no próximo ano, pode ser necessário que a autoridade monetária encerre o ciclo de aumentos antes do previsto. O Itaú reviu suas estimativas para a inflação, elevando as projeções para 2024 e 2025. Para 2024, a previsão do IPCA subiu de 3,6% para 3,7%, devido a uma composição mais desfavorável, com destaque para serviços subjacentes pressionados pelo mercado de trabalho ajustado e aumento de salários.
Já a estimativa do IPCA para 2025 passou de 3,5% para 3,6%, considerando expectativas de inflação longas desancoradas e mercado de trabalho ainda apertado. As incertezas externas influenciaram as projeções do Itaú para a taxa de câmbio, agora esperando que o Fed dos EUA reduza os juros apenas em dezembro, com três cortes de 0,25 ponto ao longo de 2025.
Diante desse cenário, o Itaú revisou suas projeções para o dólar, estimando um valor de R$ 5,00 ao final deste ano e de R$ 5,20 ao término de 2025. Os fundamentos externos desafiadores e a manutenção da Selic mais alta contribuem para essa perspectiva. Apesar dos desafios, fatores locais como o desempenho positivo da balança comercial e o baixo prêmio de risco doméstico oferecem suporte à moeda nacional após a pandemia.
Fonte: @ Valor Invest Globo
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