Governo atropelou a orientação do Copom em reunião colegiada de maio devido à deterioração do dólar.
O mercado reagiu de forma expressiva ao pronunciamento do presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, divulgado ontem. A fala do executivo fez com que a visão predominante no mercado passasse a considerar um possível cenário em que o Copom não irá seguir o forward guidance na reunião de maio, contrariando as projeções oficiais que indicam um corte de 0,50 ponto percentual.
Essa mudança de perspectiva já está movimentando os investidores na bolsa, que buscam informações adicionais para compreender melhor os possíveis desdobramentos dessa situação inusitada. A incerteza gerada no mercado financeiro ressalta a importância da análise cuidadosa dos cenários e da capacidade de adaptação dos investidores em meio a oscilações e momentos de transição.
Mercado reage à dissolução da divisão no comportamento colegiado
O mercado reagiu à dissolução da divisão no comportamento colegiado em relação ao próximo encontro do Copom, em junho. A expectativa por um corte de 0,25 ponto na reunião se tornou praticamente unânime. A ASA Investments revisou sua projeção para maio, reduzindo de 0,50 ponto para 0,25 ponto. Essa mudança foi atribuída a um cenário externo desafiador e à deterioração fiscal doméstica percebida pelo mercado. A economista-chefe da GAP Asset, Anna Reis, também ajustou sua estimativa para maio, justificando a possibilidade de atropelar o guidance indicado na última ata devido ao fortalecimento do dólar e à percepção de menor espaço para cortes pelo Federal Reserve.
Expectativas do mercado em relação ao Copom de maio
Campos Neto mencionou a possibilidade de manter o corte de 0,50 ponto se houver uma evolução favorável do cenário até o próximo Copom em maio. No entanto, a visão de Reis é de improvável melhora significativa nas próximas semanas. Desde a última reunião do Copom em março, o dólar se valorizou mais de 5% em relação ao real, enquanto o mercado adiou a expectativa de cortes pelo Fed. Internamente, o governo anunciou mudanças nas metas fiscais, impactando o cenário econômico.
Análise sobre a possibilidade de redução da Selic em maio
Especialistas como Silvio Campos Neto acreditam que a pressão sobre o câmbio pode dificultar um corte de 0,50 ponto pelo Copom. No entanto, a expectativa é de alguma acomodação até a reunião de maio. O tesoureiro do Paraná Banco Investimentos, Pedro Oliveira, concorda que a chance de redução do ritmo de cortes aumentou, prevendo uma redução gradual da Selic. Já Flávio Serrano, economista-chefe do Banco BMG, vê um maior risco de corte de 0,25 ponto em maio, mas destaca a manutenção de juros mais altos no cenário atual.
Fonte: @ Mercado e Consumo
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