Paciente alemão de 60 anos submetido a raro transplante de células-tronco com mutação CCR5, mantendo-se livre da infecção.
Um brasileiro de 50 anos foi anunciado como a nona pessoa a ser declarada livre do HIV, causador da Aids, depois de ser submetido a um transplante de células-tronco que amplia as perspectivas para o tratamento da infecção: ele é o terceiro paciente no mundo a fazer o método utilizando células-tronco que não apresentam um raro tipo de mutação que torna as células resistentes ao HIV.
Esse avanço no tratamento do HIV traz esperança para milhões de pessoas em todo o mundo que lutam contra o vírus. A pesquisa contínua é fundamental para encontrar novas formas de combater o HIV e melhorar a qualidade de vida dos portadores da Aids.
HIV: Novo Caso de Remissão e Esperança na Luta contra o Vírus
O paciente que não expressa o HIV há seis anos está sendo reconhecido como ‘o próximo paciente de Berlim’, em alusão a Timothy Brown, o primeiro a ser ‘curado’ com transplante do tipo e que era conhecido como ‘paciente de Berlim’ antes de ter sua identidade revelada ao público. O mais recente episódio de remissão foi apresentado na 25ª Conferência Internacional de Aids em Munique, na Alemanha, e divulgado pela revista científica Nature.
Utilizando o método que envolve transplante de células-tronco, outros cinco casos de remissão foram registrados. Pacientes diagnosticados com HIV e algum tipo de câncer no sangue ou na medula óssea receberam transplantes de células-tronco de doadores que possuíam a mutação CCR5-delta32. No novo caso, o doador possuía apenas uma cópia do gene mutado, resultando em níveis mais baixos de expressão da mutação.
O sexto caso de remissão foi anunciado no ano anterior. O ‘paciente de Genebra’ recebeu células-tronco sem a rara mutação e está livre do vírus há 32 meses.
A esperança na luta contra o HIV permanece viva. Embora o método que utiliza o transplante de células-tronco seja considerado inviável como tratamento para o HIV devido aos riscos envolvidos, os casos de sucesso da técnica oferecem insights sobre possíveis abordagens para a erradicação do vírus. Este é capaz de se esconder em reservatórios no corpo, e os resultados mostram que futuras estratégias para a cura não devem se concentrar exclusivamente na mutação.
A remissão do vírus com níveis mais baixos da mutação pode ampliar o número de potenciais doadores para transplantes. De acordo com um estudo publicado na Nature Reviews Genetics, cerca de 1% da população com ascendência europeia possui mutações em ambas as cópias do gene CCR5, um índice que aumenta para 10% entre aqueles que possuem apenas uma cópia.
Saiba mais sobre o paciente: Diagnosticado com HIV em 2009, o ‘próximo paciente de Berlim’ descobriu que estava com leucemia mieloide aguda em 2015, quando recebeu o transplante de células-tronco de uma doadora que possuía apenas uma cópia da mutação. Seus médicos estavam procurando uma pessoa compatível que tivesse ambas as cópias.
Ele interrompeu a terapia com antirretrovirais em 2018 e permanece sem sinais de replicação do vírus em seu corpo. ‘O fato de que tanto o paciente quanto seu doador de células-tronco possuíam uma cópia do gene CCR5 com uma mutação pode ter criado uma barreira adicional para o vírus entrar nas células’, explicou Christian Gaebler, médico-cientista e imunologista da Charité — Berlin University Medicine, que conduziu o estudo.
Fonte: @ Veja Abril
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