Samar Maziad, vice-presidente da Moody’s, fala sobre os desafios do governo, déficit fiscal e crescimento econômico do Brasil, destacando a necessidade de equilibrar receita total e despesas com programas de desenvolvimento para elevar a nota soberana.
No início de setembro, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, expressou otimismo em relação à recuperação do grau de investimento pelo Brasil. Segundo ele, o País já possui as condições necessárias para alcançar esse status, mas além dos modelos matemáticos, há um fator subjetivo que influencia a decisão. Esse fator subjetivo pode ser um obstáculo significativo para a recuperação do grau de investimento.
A nota de crédito do Brasil é um dos principais indicadores utilizados pelas agências de classificação de risco para avaliar o grau de investimento de um país. A classificação soberana é fundamental para atrair investimentos estrangeiros e reduzir os custos de financiamento. No entanto, a recuperação do grau de investimento não é apenas uma questão de números, mas também de confiança e estabilidade política. A estabilidade política é essencial para atrair investimentos. Além disso, a classificação de risco também é influenciada pela nota de crédito, que é um indicador importante para avaliar a capacidade de um país de honrar suas dívidas.
Desafios para o Brasil alcançar o grau de investimento
O Brasil precisa de dois degraus para alcançar o grau de investimento nas principais agências de rating, como a Standard & Poor’s, Fitch e Moody’s. No entanto, existem desafios importantes a serem vencidos pelo País antes de mudar sua nota soberana. Segundo Samar Maziad, vice-presidente e analista sênior de riscos soberanos da Moody’s, o governo está comprometido com as metas fiscais, mas o déficit geral continua sendo um grande desafio.
O crescimento econômico do Brasil, de 1,4% do Produto Interno Bruto (PIB) no segundo trimestre de 2024, foi acima do esperado pelos analistas de mercado e foi o segundo maior do mundo no período. No entanto, o déficit fiscal exerce mais força do que o crescimento econômico, pois o indicador ainda está muito alto, em 10% do PIB. Isso é um desafio para o País alcançar o grau de investimento.
Desafios fiscais e crescimento econômico
No primeiro semestre de 2024, o déficit primário do Brasil atingiu R$ 68,6 bilhões, segundo a Secretaria do Tesouro Nacional (STN). Em comparação, no ano anterior, o Governo Central havia registrado resultados primários negativos de R$ 43,2 bilhões no mesmo período. Além disso, a receita total alcançou R$ 1,3 trilhão, elevação real de 8,5% sobre o mesmo período do ano anterior.
A nova meta estabelecida em abril deste ano é a de equilibrar receitas e despesas, zerando o déficit no período. No entanto, Maziad afirma que não acredita que as metas sejam muito ambiciosas, mas elas não são simples de atingir e, mesmo que sejam alcançadas, o país terá um desenvolvimento negativo.
Importância de reduzir gastos obrigatórios
Para alcançar o grau de investimento, é importante reduzir os gastos obrigatórios e a indexação de saúde e educação. Essas questões retornaram à pauta com o novo arcabouço fiscal, o que torna o corte de gastos muito difícil, mas ele é necessário se o país busca um equilíbrio fiscal. Além disso, é preciso pensar mais em gastos do que em receita no momento, algo que o governo ainda dá pouca atenção.
A deterioração do quadro fiscal brasileiro vem de uma série de falhas do governo federal em controlar as despesas com programas sociais, o que pode tornar o arcabouço fiscal insustentável em 2025. Portanto, é fundamental que o governo tome medidas para reduzir os gastos e alcançar o equilíbrio fiscal, o que é essencial para alcançar o grau de investimento.
Fonte: @ NEO FEED
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