Rodrigo Bueno (ESPN): Tite em Flamengo: química grande, de rejeição a encantamento; forma de se comunicar, uso da ciência, tipo de roupa, prioridades: clubismo, bairrismo; risco e valor em reservas, oscilações, queda e produção; primeiro planejamento, ser de um jeito, queda, Amazonas.
Por que será que houve uma química tão grande entre o Flamengo e Jorge Jesus, contra muitas expectativas, e por que será que há uma espécie de rejeição dos rubro-negros com o Tite, contrariando também diversos prognósticos?Será pelo estilo de jogo, pela forma de se comunicar, pelo uso da ciência, pelo tipo de roupa, pelas prioridades, pelo jeito de ser, por clubismo, por bairrismo ou por um pouco disso tudo?Creio que é hora de ter uma reflexão mais séria sobre isso, afinal o técnico que dirigiu a seleção brasileira nas duas últimas Copas do Mundo e que é considerado por tanta gente como o melhor de sua geração no país foi vaiado e ofendido pela Nação no Maracanã após a sofrível vitória do Flamengo por 1 a 0 diante do Amazonas, pela Copa do Brasil.
Mesmo quando a equipe carioca nadava de braçada no Campeonato Carioca, sendo campeã levando apenas um gol (do Nova Iguaçu, quando usou time reserva), nunca houve um encantamento com o trabalho de Tite, que começou ainda em 2023, lembrando que ele mudou os planos de não assumir nenhuma equipe brasileira no ano passado para preparar melhor o melhor elenco da América do Sul para 2024.Tite tem sido científico desde sua chegada ao clube mais popular do Brasil.Primeiro, chegou bem antes do previsto por ele mesmo para conhecer o elenco estelar do time.
Tite: O desafio de manter o Flamengo no topo do futebol brasileiro
Colocou como meta ‘apenas’ ficar no G4 quando era bem possível pare ele e seu grupo ganhar o Brasileiro de 2023 diante da derrocada do Botafogo (o Palmeiras mostrou que era bem possível mesmo no final das contas).
Depois, teve todo o tempo e o dinheiro para requintar seu elenco, trazendo nomes como De La Cruz, Viña e Léo Ortiz. Com uma química promissora entre os jogadores, Tite visava construir a melhor equipe possível para os desafios que viriam.
Teve uma pré-temporada modelo nos Estados Unidos, com um grande elenco e recursos invejáveis à disposição, algo que poucos clubes no Brasil têm o privilégio de desfrutar. Sem Mundial, Recopa e Supercopa para disputar, o caminho parecia mais claro.
O Flamengo iniciou a temporada com prioridades bem definidas, aproveitando para testar suas reservas no regional Carioca. Com oscilações dos rivais locais, a equipe conquistou o título invicto e com a melhor defesa da história do Rio, demonstrando sua força.
No entanto, o planejamento de Tite mostrou uma espécie de rejeição à continuidade da boa forma, ao poupar atletas importantes em momentos cruciais. A queda de produção em jogos decisivos gerou questionamentos sobre sua abordagem cautelosa.
A comunicação do técnico, embasada na ciência e na estratégia, nem sempre foi bem compreendida pelos torcedores mais passionais. Seu jeito reservado e professoral contrasta com a intensidade e paixão que a torcida rubro-negra costuma expressar.
Após um confronto morno com o Amazonas, Tite enfatizou a importância da criatividade e da confiança no desempenho da equipe. Suas referências a processos e teorias podem soar distantes para aqueles acostumados com discursos mais diretos e emocionais.
O desafio para Tite vai além dos resultados em campo. Ele precisa conciliar sua abordagem metódica com o encantamento e a paixão que o futebol brasileiro exige. Encontrar um equilíbrio entre a técnica e a emoção pode ser crucial para manter o Flamengo no caminho do sucesso.
Fonte: @ ESPN
Comentários sobre este artigo