Luis Lomenha explica processo criativo da série hit da Netflix, mostrando como a fantasia pode democratizar o acesso a melhores histórias para famílias, sem interromper sonhos.
A minissérie “Os Quatro da Candelária” da Netflix é uma obra que aborda um dos crimes mais chocantes da história do Brasil, mas de uma forma inovadora e não convencional. A chacina da Candelária é um caso que ainda causa indignação e tristeza em muitas pessoas, e a série tenta explorar as consequências desse evento trágico.
No entanto, ao invés de se concentrar apenas no assassinato brutal de oito jovens e crianças que dormiam nas escadarias da Igreja da Candelária, no centro do Rio de Janeiro, em 23 de julho de 1993, a série “Os Quatro da Candelária” opta por uma abordagem mais ampla, explorando as vidas dos quatro policiais acusados do crime. A busca por justiça é um tema recorrente na série, que tenta mostrar como o caso afetou não apenas as famílias das vítimas, mas também os próprios policiais envolvidos.
A Abordagem Inovadora de ‘Os Quatro da Candelária’
A série criada por Luis Lomenha e dirigida por ele ao lado de Márcia Faria não se concentra apenas no crime, mas sim nos sonhos interrompidos das vítimas. A intenção é mostrar que o assassinato não é um fato isolado, mas sim um episódio que pode se repetir a qualquer momento. Para isso, a série utiliza elementos que parecem deslocados no tempo, como a Pira Olímpica, carros modernos e letreiros luminosos que não existiam há 30 anos.
A ideia é brincar com a fantasia e mostrar que o crime não é um fato do passado, mas sim um problema que ainda persiste. Lomenha afirma que ‘o que é primeiro plano é de 1993. Figurino, adereço, tudo. Do segundo plano para frente, é século XXI e é intencional, porque nós queremos passar a atemporalidade. Isso segue acontecendo. Poderia ser hoje.’
A Democratização do Acesso à Arte
Luis Lomenha, aos 46 anos, tem em ‘Os Quatro da Candelária’ sua primeira série de TV, mas não o seu primeiro trabalho de direção. Ele é conhecido por usar o cinema para dar voz a setores menos visíveis da sociedade e entende melhor que muita gente como a arte é um caminho importante para a democratização do acesso a melhores condições.
Ele recorda que, nos anos 80 e 90, o cinema era muito barato e era um programa de famílias mais pobres. ‘Diferentemente de hoje, que para chegar ao cinema você precisa entrar em um shopping, naquela época as pessoas iam para ficar no ar condicionado. Tinha muito cinema na Zona Norte [do Rio], e eu peguei o fim disso. Eu não fazia ideia de como aquilo era produzido, mas gerava um encantamento.’
A Paixão pela Arte e o Trabalho Social
Foi a partir desta paixão que Lomenha se debruçou sobre a carreira artística. Formado em Letras, ele se dedicou à escrita ainda nos tempos de colégio, e foi no encontro com ‘Central do Brasil’, quando terminava o ensino médio, que decidiu ir trabalhar com teatro.
Ele também fundou a instituição social Cinema Nosso, escola popular de Cinema que existe há 20 anos e é considerada uma das maiores da América Latina. ‘Quando começamos, entre 2001 e 2002, havia um grupo de crianças de ‘Cidade de Deus’. Nós éramos mais velhos, com uns 20 anos, e íamos trabalhar, mas as crianças não podiam. Então, a gente voltava e conversava com eles sobre o que havíamos feito. Assim, foram chegando mais crianças e jovens periféricos, sobretudo quando o filme estreou e começou a fazer sucesso.’
A Série ‘Os Quatro da Candelária’ e o Crime
A série ‘Os Quatro da Candelária’ aborda o crime de forma inovadora, mostrando que o assassinato não é um fato isolado, mas sim um problema que ainda persiste. A série utiliza elementos que parecem deslocados no tempo para mostrar que o crime não é um fato do passado, mas sim um problema que ainda persiste.
Lomenha afirma que ‘o que é primeiro plano é de 1993. Figurino, adereço, tudo. Do segundo plano para frente, é século XXI e é intencional, porque nós queremos passar a atemporalidade. Isso segue acontecendo. Poderia ser hoje.’ A série é uma forma de mostrar que o crime é um problema que ainda precisa ser enfrentado e que a arte pode ser um caminho importante para a democratização do acesso a melhores condições.
Fonte: @ Terra
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