Quatro alternativas poderiam ser assinaladas, mas as correções não explicam seus aspectos incorretos, criando uma dicotomia entre termos bélicos e experiências narradas.
A violência é um tema complexo e multifacetado que exige uma abordagem cuidadosa e reflexiva. É fácil apontar uma alternativa correta, mas é muito mais desafiador explicar por qual ou quais motivos as outras estão erradas, coisa que corretores de plantão não costumam fazer. A falta de profundidade na análise pode levar a uma compreensão superficial da violência, o que pode perpetuar a violência e a agressão.
No entanto, é importante lembrar que a violência não é apenas um problema individual, mas também um reflexo da sociedade em que vivemos. A brutalidade e a ferocidade que muitas vezes acompanham a violência são sintomas de uma doença mais profunda, que exige uma abordagem mais ampla e inclusiva. É nesse contexto que a homenagem aos Racionais MCs, que receberam o título de Doutor Honoris Causa na Universidade de Campinas (Unicamp), em 2023, assume um significado especial, pois reconhece o papel da arte e da música na luta contra a violência e na promoção da justiça social. A arte pode ser um poderoso instrumento de transformação.
A Violência como Tema Central
A questão do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) sobre a música dos Racionais MC’s é um exemplo claro de como a violência é um tema recorrente em nossa sociedade. A premissa genérica e preconceituosa do Enem é que as várias experiências narradas nos discos dos Racionais tratam no fundo de um só tema: a violência que estrutura nossa sociedade. Embora essa premissa possa ser discutida, é importante analisar como a violência é abordada na música.
A alternativa correta, embora exagerada, afirma que a tematização da violência ocorre ‘como procedimento metalinguístico, que concebe a palavra como uma forma de combate e insubordinação’. Essa afirmação é correta, embora o procedimento metalinguístico – a palavra falando dela mesma – aconteça somente no primeiro verso e no último. A violência é apresentada como uma forma de resistência e insubordinação, o que é um tema recorrente na música dos Racionais.
A Agressão e a Brutalidade como Crítica Social
Uma alternativa descartada como errada afirma que a tematização da violência ocorre na ‘referência a termos bélicos, que sinaliza uma crítica social à opressão da população nas periferias’. Essa alternativa está correta sobretudo porque a palavra ‘sinaliza’ não significa uma referência direta, mas indica, sugere, dá a entender. A violência é apresentada como uma forma de agressão e brutalidade, que é uma crítica social à opressão da população nas periferias.
A música dos Racionais MC’s é um exemplo claro de como a violência pode ser usada como uma forma de crítica social. A referência a termos bélicos é uma forma de destacar a ferocidade e a brutalidade da violência, que é uma característica da sociedade em que vivemos. A música é uma forma de resistência e insubordinação, que é um tema recorrente na obra dos Racionais.
A Resistência e a Dicotomia
Uma terceira alternativa errada – sempre segundo as apressadas correções extraoficiais, cheias de razão – seria a tematização da violência na ‘menção à imortalidade, que sugere a possibilidade de resistência para além da dicotomia entre vida e morte’. Sim, queridas professoras e professores de cursinho, pop stars da ignorância alheia, o trecho citado tematiza sim a violência ao sugerir a possibilidade de transcender, de ir além da vida e da morte. A música é uma forma de resistência e insubordinação, que é um tema recorrente na obra dos Racionais.
A violência é apresentada como uma forma de resistência e insubordinação, que é um tema recorrente na música dos Racionais MC’s. A referência a termos bélicos é uma forma de destacar a ferocidade e a brutalidade da violência, que é uma característica da sociedade em que vivemos. A música é uma forma de crítica social, que é uma forma de resistência e insubordinação.
Fonte: @ Terra
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