Fernando Rocha, economista-chefe da JGP, fala sobre o aumento da taxa de juros, perspectiva do mercado sobre Gabriel Galípolo e o equilíbrio fiscal, destacando a inflação mensal e a gestão de André Jakurski.
A semana financeira foi marcada por movimentos significativos nas taxas de juros em todo o mundo. No início da semana, o Federal Reserve (Fed) reduziu a taxa de juros americana em 0,50 ponto percentual (pp), estabelecendo uma nova faixa de 4,75% a 5%. Essa mudança foi vista como um sinal de que a economia americana pode estar começando a se estabilizar.
No entanto, no Brasil, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central decidiu aumentar a Taxa Selic em 0,25 pp, para 10,75%. Essa decisão foi tomada para controlar a inflação e manter a estabilidade econômica do país. A Taxa Selic é um importante instrumento de política monetária e seu aumento pode afetar a economia de várias maneiras, incluindo a elevação do juro e a redução do consumo. Além disso, a taxa de juros mais alta pode desencadear uma redução no crescimento econômico, o que pode ter impactos significativos no mercado financeiro. A inflação é um desafio constante para a economia brasileira.
Decisões das Autoridades Monetárias e o Impacto na Selic
As direções das decisões das autoridades monetárias eram aguardadas pelo mercado financeiro local e estrangeiro, mas havia incerteza sobre a magnitude do corte nos Estados Unidos. ‘O mercado estava em dúvida se seria 0,25 pp ou 50 pp. Geralmente o Fed vai para a reunião com muita certeza, mas desta vez estava meio indeciso pela comunicação deles’, afirma Fernando Rocha, economista-chefe da JGP. ‘Mas o mercado nos últimos dias caminhou para o 0,50 pp.’ No Brasil, a elevação da Selic é a primeira desde agosto de 2022, enquanto nos EUA a redução dos juros é a primeira desde 2020.
A Perspectiva de Aumento da Inflação e o Impacto na Selic
O que explica as direções contrárias é a perspectiva de aumento da inflação no mercado local. Em 12 meses, o IPCA acumulado está em 4,24% – e com tendência de se aproximar do teto da meta do Banco Central. ‘O cenário de inflação tende a ficar um pouco pior no fim do ano’, diz Rocha. ‘Tenho impressão que caminhando três, quatro, cinco meses à frente, teremos uma inflação mensal desconfortável e talvez o Copom tenha que acelerar o ritmo para 0,50 pp.’ Na projeção do economista-chefe da JGP, gestora de André Jakurski com quase R$ 30 bilhões sob gestão, o ciclo de alta da Selic termina em 12%. Neste ano, serão mais duas altas de 0,25 pp e 0,50 pp.
O Impacto da Selic na Economia e a Perspectiva de Aumento da Inflação
‘Como as coisas não são sincronizadas, o que acho que vai acontecer é que a economia vai desacelerar, porque já estamos subindo os juros e o fiscal provavelmente vai moderar um pouco, mas a inflação vai subir’, afirma Rocha. Ele também fala sobre os olhares do mercado sobre Gabriel Galípolo, explica por que prefere a manutenção da meta de inflação, os motivos para o investidor estrangeiro estar distante da dívida pública brasileira e o motivo para o governo não se incomodar com o equilíbrio fiscal. ‘Pergunta para o Haddad ou para o Lula: você prefere gastar menos, botar o pé no freio e fazer um arrocho fiscal para baixar o juro ou continuar gastando e deixar o juro onde está? Acho que eles preferem continuar gastando’, diz Rocha.
A Comunicação do Copom e a Decisão de Subir a Selic
‘Estou vendo da seguinte forma: na comunicação oficial, o Copom foi mudando aos poucos. Quando parou de cortar o juro, ele falou em pausa, ou seja, deu a entender que poderia voltar a cortar. Depois, deu a entender que tinha parado por um bom tempo. E nessa última começou a falar em assimetria de riscos e destacou mais os riscos negativos. Na ata, ele apertou mais um pouquinho o tom. Mas tenho a impressão que, na ata da reunião passada, ele não imaginava subir agora. Tenho essa impressão. Por quê? Acho que ele estava pensando: ‘pode ser que eu tenha que subir num horizonte próximo’, mas ele não tinha certeza de que subiria em setembro.’
Fonte: @ NEO FEED
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